Índices levantados pela IQVIA indicam um elevado potencial da categoria, especialmente entre farmácias associativistas e independentes. A venda de suplementos revelou-se decisiva para ampliar a relevância do mercado de consumer health nas farmácias. A participação desse nicho nos negócios das farmácias aumentou três pontos percentuais desde 2018, saltando de 45% para 48%. O crescimento acumulado desde então foi de 68%, contra 53% dos medicamentos prescritos. Os números vão ao encontro da percepção dos consumidores. Segundo levantamento conduzido pela própria IQVIA com 1.015 clientes de farmácias, 49% dos entrevistados ampliaram a preocupação com o aumento do custo de vida nos últimos 12 meses. No entanto, 57% desse público não reduziu o fluxo de compra de produtos para saúde e imunidade.
“O brasileiro incorporou os suplementos alimentares e vitamínicos à sua rotina de bem-estar e qualidade de vida. E dois fatores vêm sendo os motores das vendas da categoria. São eles a ressignificação do papel das farmácias como hubs de atenção primária e a conveniência do e-commerce, cujas transações já somam R$ 2,7 bilhões”, informa Renan Oliveira, gerente da área de Consumer Market Insights da IQVIA.
Médio varejo lidera crescimento
Os suplementos em farmácias encontram seu carro-chefe nas 27 grandes redes que integram a Abrafarma. O movimento nos últimos 12 meses foi de R$ 55 bilhões, o que corresponde a 53% da receita geral com a comercialização desses produtos. Mas foi o médio varejo, formado por outras redes de farmácias, por franquias e pelo associativismo, que liderou o crescimento em um ano – 63%, de R$ 21,3 milhões para R$ 34,7 milhões. Juntas, essas empresas têm 34% de market share. “O avanço no período foi de R$ 35,8 milhões, com as farmácias de médio porte respondendo por 37% dessa alta”, destaca Oliveira. Já as grandes redes evoluíram pouco mais de 54% e somam 55% de representatividade.
Alavanca de crescimento nas farmácias
Ainda de acordo com a IQVIA, 85% do aumento da receita de suplementos decorre da expansão do volume de unidades nos PDVs e da elevação de preços. “Das 309 SKUs da categoria que tiveram movimentação de valores nos últimos 12 meses, 208 sofreram reajustes acima da média do mercado. Isso indica como o bom gerenciamento da precificação pode fazer a diferença para as farmácias”, argumenta Renan. O consultor, no entanto, adverte para a má exploração dos lançamentos como vitrines para as farmácias. “Dos 111 novos produtos, 12 totalizam 90% do faturamento e nenhum está presente nos quatro canais”, analisa.
Ausência nas estatísticas indica potencial inexplorado
Entre as subcategorias de suplementos em farmácias, os alimentos e suplementos nutricionais movimentam 43% dos negócios e registraram alta de 58%. Já as barras energéticas e alimentos esportivos tiveram crescimento bem superior – 81%, equivalente a 36% do faturamento. Porém, mais de 80% da disponibilidade desses itens está nas grandes redes e praticamente inexistem nas estatísticas das farmácias independentes. “E estamos falando de uma subcategoria com faixa média de R$ 7,92, preço muito aderente ao perfil de cliente do pequeno varejo”, analisa Renan. Ao mesmo tempo, 25% da receita das independentes com suplementos envolve unidades com valor a partir de R$ 150, o que revela a importância de aprimorar a diversificação do portfólio. “O Whey Protein Isolate em pó custa em torno de R$ 205,30 e só se encontra nas pequenas farmácias”, exemplifica. Dois dos itens mais concorridos no PDV, o Cooper Energy Whey de baunilha em cápsulas e sua versão em pó praticamente não aparecem no mix do associativismo e nas independentes – o primeiro produto tem 0% de presença e o segundo, somente 2,8% em ambos os nichos. Seja como for, não resta dúvida: suplementos têm a força nas prateleiras da maioria das farmácias brasileiras.
Fonte: https://site.abcfarma.org.br